Commodore - Computadores que fizeram história

 

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A maioria dos documentários sobre computadores pessoais das décadas de 1980 e 1990 falam sobre a Microsoft e Apple, mas existe muito mais.

Hoje o assunto é a Commodore, empresa que possui uma história fantástica e foi essencial na história dos micro computadores, porém não recebe os devidos créditos.

Só para que fique claro, o Commodore 64 foi um dos computadores mais vendidos de todos os tempos, trabalhava com sons, gráficos e para a época foi uma revolução dos micro computadores.

A questão é que a história da Commodore começa antes do “Commodore 64”, o início é por volta dos anos 1970.

É impossível começar sem falar de Jack Tramiel (1928 - 2012), fundador da Commodore internacional.

Tramiel era polonês e ele, e sua família, foram capturados na segunda guerra mundial e levados para campos de concentração, quando a guerra acabou seus pais estavam mortos e Tramiel seguiu para os EUA.

Trabalhou como taxista e paralelamente fundou a sua empresa, no início de calculadores, depois conversando com um dos seus sócios, percebeu o avanço dos micro computadores e dedicou-se a construir micro computadores.

Em 1974, Chuck Peddle e alguns engenheiros iniciaram uma empresa de fabricação de chips, a MOS Technology.

A maioria dos profissionais envolvidos trabalhavam na Motorola com o processador 6800 e propuseram-se a criar uma CPU, a 6501.

A 6501 poderia ser substituída pela CPU mais cara da Motorola, a Motorola não gostou muito da história, processou os envolvidos, mas mesmo assim a criação do 6502 seguiu em frente.

O 6502 era praticamente o mesmo chip (6501), mas com algumas mudanças, assim ele não era mais totalmente compatível com o 6800 da Motorola.

Como não era mais totalmente compatível com o 6800 era necessário criar uma maneira para os consumidores testarem o chip.

Assim, em 1976, Chuck Peddle, projetou o KIM-1 Development Computer, era um computador com uma placa que usava o 6502 e que podia ser programado via linguagem de máquina.

Depois foi possível conectá-lo a um monitor e rodar BASIC, além disso era possível salvar os programas em fitas k7, o que o tornou popular entre engenheiros e curiosos.

O processador 6502 foi um sucesso e encontrou o seu lugar nos computadores série Apple II, Atari 2600, Nintendinho, na linha 8 bits de computadores da Atari, Micro BBC e claro na linha 8 bits da Commodore.

Em 1976 a MOS Technologies foi comprada pela Commodore Business Machines, que nesta época era focada em calculadoras, mas Chuck Peddle convenceu Jack Tramiel que o ramo de calculadoras estava acabando.

Chuck disse também ao Jack que era necessário criar um computador para competir com a Apple II, assim em 1977 nasceu o Commodore PET 2001.

Ele vinha com tudo incluso, como o Apple II, monitor acoplado ao teclado e um dispositivo para armazenamento de fita cassete, enfim, este foi um grande ano para os computadores pessoais.

O mercado recebia o Apple II, o Commodore PET e o TRS 80, foi uma época em que pela primeira vez pessoas normais podiam comprar um computador, e melhor, não precisavam montá-los, pratica comum na época.

O PET foi projetado pelo mesmo criador do processador 6502 e ele tinha um preço competitivo, comparando com seus concorrentes da época, e uma das vantagens do PET é que ele já vinha com k7 acoplado, diferente dos Apple II que os vendia separadamente.

O teclado era diferente de tudo o que já tinha-se visto na época, e era muito pequeno, além disso era complicado para se encontrar determinados caracteres.

O backspace funcionava digitando setas para a esquerda e os números ficavam ao lado, o que não era um padrão na época.

Hoje em dia podem parecer problemas simples, mas imagine isso em uma época em que as pessoas ainda não usavam computadores e não tinham noção sobre como deveria ser um teclado de computador.

O PET abria levantando a sua frente, sendo possível verificar e/ou trocar qualquer um dos 16 chips de memória RAM, mas apesar da quantidade, não pense que era muita memória.

Eram apenas “incríveis” 4K de memória, ou seja, 1K para cada chip de 4 bits de memória (SRAM).

Em suma, com 3 telas cheias de texto toda a memória era consumida, mas o Apple II e o TRS-80 também tinham apenas 4K de memória quando foram lançados, então estava dentro do que o mercado já conhecia.

O K7 era a única forma de armazenamento e ao contrário do Apple II não tinha espaço para cartões, sendo assim foi necessário desenvolver um computador completo no drive de disquetes.

A parte do drive tinha um processador 6502, memória RAM, ROM e controladores de entrada e saída.

Comandos eram enviados para o drive de disquete, pedindo para buscar um determinado arquivo, era possível também copiar arquivos de um drive para outro com um comando.

O PET foi ficando popular nas escolas e laboratórios de informática, outro ponto interessante é que um drive de disquete era muito caro, então conectava-se um único drive a vários computadores em um laboratório de informática ou no trabalho.

A tela do PET era controlada por um clone do Motorola 6848, que também foi utilizado na placa CGA dos IBMs, entre outros computadores.

Não havia nenhum modo gráfico, além disso os caracteres eram gravados na memória ROM e não era possível movê-los ou modifica-los.

Eram os caracteres da tabela PET ASCII, que ficou conhecida depois como PETSCII.

A tabela de caracteres continha vários símbolos, e eles podiam ser usados juntos na criação de desenhos simples, além disso tinha um conjunto de 16 caracteres que podiam ser usados para a criação de pixels.

O PET não tinha som, nenhuma saída de áudio, porém os usuários descobriram uma maneira de resolver o problema conectando dois fios a um controlador de entrada e saída.

Este “macete” gerava um tipo de som mono voz e logo muitos aplicativos começaram a usar este conceito como padrão para extrair sons dos computadores.

O tempo foi passando, as necessidades dos consumidores foram surgindo, e apareceu um novo modelo PET.

O novo modelo era muito parecido com o primeiro, mas a tela era maior, porém com um arranjo de teclas diferente.

Hoje em dia pareceria algo normal, mas falo de uma época em que as pessoas ainda não eram acostumadas com microcomputadores, tudo era novidade.

O novo modelo vinha com o drive de K7 separado, diferente da primeira versão que vinha com o drive acoplado.

A frente abria-se como o primeiro modelo, mas a alça que segurava a frente agora vinha em outra posição, além disso o PET trazia um speaker dentro do computador.

Outro ponto interessante é que o PET já vinha com o Microsoft Basic, que foi desenvolvido em 1975, dois anos antes do PET ser lançado.

Outra curiosidade do Commodore PET é que foi descoberto que ao digitar, em alguns modelos, POKE 59458,62, o display do monitor saia de síncrona.

Após algum tempo fora de sincronia os circuitos poderiam ser danificados e o display era queimado, isso era mito estranho.

O VIC-20, que será comentado no próximo tópico, já resolvia boa parte deste problema.

Este modelo da Commodore também ficou apagado, principalmente quando lembramos que os “historiadores da computação”, lembram-se apenas da Microsoft e da Apple.

Enfim, estamos aqui para lembrar também de máquinas que acabam sendo esquecidas, mas tiveram grande impacto na história da computação.

O VIC-20 foi lançado em 1980, mas a sua história começa em1977, no mesmo ano em que a Commodore introduziu o Commodore-PET no mercado.

Jack Tramiel, CEO da Commodore, estava e busca de um computador barato e colorido para exibi-lo na CES (Exposição Internacional de Eletrônicos de consumo), antes do final de 1980.

Nesta época a Commodore tinha vários projetos em andamento e um deles era o MICRO-PET, Jack Tramiel viu o modelo, gostou e o nomeou para ser mostrado na CES.

Com base no design de chip de vídeo, nasce o Commodore VIC-20, o nome é baseado no seu chip VIC.

As duas máquinas tinham recursos muito semelhantes, o VIC também usava o processador 6502, o mesmo BASIC e o mesmo conjunto de caracteres.

A interface com o usuário também é compatível com os computadores PET, mas existiam diferenças.

A porta paralela IEEE-488, na unidade de disquete foi substituída por uma porta serial DIN, o que reduzia pinos e economizava custos.

No teclado foi adicionada uma tecla com o símbolo da Commodore, que apertada em conjunto com outras teclas davam origem a novos caracteres.

O VIC-20 é utilizado com televisões, mas na época não existiam muitos modelos com entradas para os cabos, sendo assim um foi necessário um adaptador.

Bastava conectar os cabos e sintonizar a televisão no canal 3 ou 4, assim inicializando e já se notava o BASIC na sua versão 2.

O chip-vic era capaz de exibir 23 linhas e 22 colunas de texto, isso era muito pouco, comparando com outros computadores da época, mas o VIC-20 podia exibir até 8 diferentes cores de texto.

Os gráficos da Apple II, que fazia sucesso na época, funcionavam de maneira estranha, e isso acabou sendo bom para o VIC-20.

O teclado possuía atalhos que facilitavam a mudança de cores no BASIC, muito utilizado na ocasião.

Apesar das inovações os gráficos do VIC-20 limitavam-se a caracteres, por exemplo, em vários jogos percebe-se que “monstrinhos” ou “carros” nada mais são do que caracteres coloridos.

Não existia RAM suficiente para operações mais complexas ou jogos, por isso era utilizado um cartucho expansor de RAM.

Com isso os modos gráficos e programação eram aproveitados ao máximo, imagine o desenho de uma bola, esta bola é dividida por quatro quadrados, em seguida é feito o movimento dos quadrados para cima, baixo, esquerda ou direita.

Este “quadrado” é visto apenas pelo programador e é o que faz o movimento acontecer, mediante a programação.

Para o usuário é apenas uma bola movendo-se na tela do computador e na década de 1980 era um grande avanço, afinal não existiam muitas opções.

São 3 voices que produzem tons de onda quadrada e a 4ª voice produz um ruído em branco.

As faixas de frequência cobrem 5 oitavas, mas cada voice só pode cobrir 3 oitavas, além disso não possuía ADSR (aplicava um envelope de amplitude a um som, produzindo o timbre de um instrumento musical).

O volume não pode ser aumentado ou diminuído gradualmente, ele é ligado ou desligado simplesmente.

Mais uma vez isso não era tão ruim, principalmente na década de 1980, afinal praticamente não existiam concorrentes.

Os computadores da época como o Sinclair, TRS-80, Apple II, Commodore PET, tinham um alto falante de uma voz, com exceção do Atari 400/800 que tinha um chip de sintetizador de voz.

O VIC-20 era vendido em lojas de departamento, ao lado da Atari que dominava o mercado, e deu certo sendo um sucesso de vendas.

Foi o primeiro computador pessoal a vender mais de um milhão de unidades, superando o Apple II.

Em 1985 o VIC-20 foi descontinuado e chegou a vender mais de 2 milhões e meio de unidades.

Os jogos vinham em fitas K7 ou em cartuchos e a Commodore fornecia um DATASET.

Apesar das fitas K7, a maioria dos jogos eram vendidos em cartuchos, afinal as pessoas já estavam acostumadas com jogos em cartuchos, principalmente por causa da Atari.

O processador pode acessar até 64K de memória, incluindo RAM e ROM, só a CPU já acessa 21 K de memória no VIC-20, por causa do Basic e do Kernel.

O VIC-20 oferece também uma unidade de disco, chamada de VIC-1541, baseada no design da unidade de disco do Commodore PET.

Um bug seria encontrado no hardware de registro de deslocamento, o que impedia a unidade de disco de funcionar corretamente, então a Commodore decidiu livrar-se do registrador de deslocamento.

Com isso era usada a CPU para enviar todos os bits manualmente para a unidade de disco, diminuindo o desempenho.

Apesar de tudo a memória do VIC-20 não era ruim para os padrões da época, mas este é um assunto que assombraria os computadores Commodore por anos.

Realmente foi um “grande computador” para a época, vendido a um preço acessível e foi um grande sucesso.

O VIC-20 preparou o terreno para o Commodore-64, o computador mais comentado, e conhecido, da empresa, assunto que trato a seguir.

A inovações vieram na Commodore, mesmo sabendo que poderiam continuar vendendo o VIC-20, afinal era um grande sucesso.

Resolveram fazer a atualização do CHIP 6560 e o dividiram em chips de som e vídeo separados, ficaram conhecidos como VIC-2 e SID.

O novo CHIP de vídeo oferecia maior resolução e o CHIP de som teria 3 vozes, sendo mais versátil, afinal as 3 vozes eram programáveis e independentes e tinham 4 tipos de ondas para escolher.

Também possuía ADSR (envelope de amplitude para produzir o timbre de um instrumento musical) programável com faixas de 8 oitavas.

Estas mudanças tornariam incompatíveis os softwares/jogos com o VIC-20, então a Commodore decidiu criar um novo computador voltado para jogos.

Surgiu então o Commodore MAX, sendo um pouco menor que o VIC-20 e vinha com um teclado de membrana para diminuir os custos, também conhecido como teclado chiclete.

Ele vinha com menos memória RAM, cerca de 2 Kbytes e sem BASIC instalado na memória ROM.

Foi uma máquina projetada para rodar jogos em cartuchos e tinha muitas características parecidas com o Atari 400.

Por fim foram fabricadas poucas unidades do MAX e hoje em dia é visto como peça de colecionadores, por ser muito raro.

Um dos motivos do pouco sucesso é que custava cerca de $ 200.00, que era o preço do seu antecessor o VIC-20, que já fazia sucesso e vinha com BASIC, ao contrário do MAX.

Foi aí que chegou a principal atualização do MAX, foi incorporado o mesmo teclado do VIC-20, o BASIC foi instalado e mais 64 K de memória.

Os 64 K de memória foi o que trouxe o nome do que seria um dos maiores sucessos, o Commodore 64.

Apesar de ser muito parecido com o VIC-20 e ter praticamente o mesmo teclado, o Commodore 64 vinha com 2 entradas para joysticks.

Caso o usuário tivesse feito uma atualização no VIC-20 com periféricos extras eles poderiam ser utilizados no Commodore-64.

Este foi mais um motivo para que as pessoas aderissem ao Commodore 64, afinal não teriam que gastar mais com a compra de periféricos como novos joysticks, drivers para K7, etc.

Enfim, quem já trabalhava, ou divertia-se, com o VIC-20 não teria muitos problemas para adaptar-se com o Commodore 64, mas sim, existiam algumas diferenças.

Uma delas é o fato de que no VIC-20 existia uma tela com cores vibrantes, letras com boa aparência, e uma mensagem informando que o Microsoft BASIC 2 é executado no sistema.

Já no Commodore 64 ao iniciar o sistema aparecia uma tela azul/roxa, um texto com fonte menor que o VIC-20 e uma mensagem que estava sendo usada a versão Microsoft BASIC 2.

Um dos pontos chave, e um dos motivos que alavancou as vendas do Commodore 64, foram os 64K de memória, o que era muito para 1982, principalmente em um computador pessoal.

O VIC-20 suportava 2 tipos de tela, uma televisão conectada e um monitor, o que já era bom, mas o Commodore 64 suportava 4 tipos de telas.

Um novo conceito de imagens em aparelhos de TV tinha sido apresentado em 1987, o S-VIDEO, deste modo a Commodore pode ter sido a primeira empresa a apresentar ao público o conceito de S-VIDEO.

Conforme já comentei a novidade dos 64K de memória RAM foi um dos principais motivos para o sucesso do C-64.

É interessante como os custos foram reduzidos com a adesão de RAM dinâmica em vez de RAM estática.

A questão é que os recursos dos sistemas exigiam mais do que 64K, sendo assim foi criado o processador 6510, para ser usado no lugar do 6502.

No que se refere ao modo gráfico havia 4 modos de operação, Text mode (Hi-RES e Multi-Color) e Bit mapped (Hi-RES e Multi-Color).

É interessante como o manual do usuário que vinha com o Commodore-64 não era tão bom como o que vinha no VIC-20, porém é possível entender muito sobre a máquina. Existe um capítulo inteiro sobre programação com exemplos práticos.

Este foi um chip de som revolucionário no que tange a sons no computador, principalmente porque em 1982 nenhum computador usava um chip tão sofisticado.

Os computadores mais famosos da época como o IBM-PC e o Apple II apenas emitiam bips, mas aos poucos foi-se percebendo a capacidade do CHIP SID e as músicas para jogos foram ficando mais interessantes.

Os jogos também começaram a aproveitar as vantagens do SID, enquanto ele era líder de mercado nos computadores pessoais de baixo custo.

Devido ao sucesso do Commodore 64, e do Chip SID, em 1985 a empresa foi aos poucos deixando o VIC-20.

A Commodore passou a frente dos concorrentes da época, TRS 80, Atari, Apple II, IBM PC e seus clones, entre outros.

Lojas de departamento vendiam muitos Commodores para o grande público e as pessoas realmente compravam, seja para seus filhos, empresas ou para uso pessoal.

O Basic do Commodore 64 não era perfeito, por exemplo, o Basic era fraco, não apresentando comandos para sons ou gráficos, coisas que o Basic do Apple II fazia.

Ainda existiam outros problemas no C64 e alguns deles vinham ainda do VIC-20, para resolvê-los, pelo menos em parte, apareceram alguns “kits” que ajudavam.

O cartucho EPYX Fastload é exemplo de opcional que ajudava no desempenho do Commodore 64, ele melhorava as rotinas do kernal, tornando o computador mais rápido.

O SX-64 chegou como a versão portátil do C64 e era vendido por $ 999.00, o modelo incluía uma pequena tela de 5 polegadas, um drive de disco de 5.1/4 e era compatível com todos os softwares do C64 tradicional.

Em 1985 a computação pessoal começou a ter muitas mudanças, sendo que alguns anos antes existia apenas o BASIC para criar softwares, jogos, etc.

A mudança principal da época, no mercado de computadores pessoais, era o fato da maioria das pessoas estar com a atenção voltada aos muitos jogos que existiam em fitas K7 e cartuchos.

Em 1986 o C64 ganhou uma repaginada, chegava o Commodore 64c, vinha com a cor bege e um design que combinava com o Commodore 128.

Algumas alterações foram feitas no C64c, para diminuir o custo, por exemplo, as imagens nas teclas que apareciam na frente indicavam determinadas funções, mas no novo modelo apareciam em cima das teclas, diminuindo o custo de impressão.

As placas internas estavam mais “enxutas” e enquanto a versão original tinha 8 chips a nova placa mãe do C64c tinha apenas 2 chips, mas ainda vinha com os 64K.

Apesar das vendas continuarem o mercado estava em processo de mudança com a chegada dos computadores de 16 bits como o Amiga, MS-DOS e o Macintosh.

Também na década de 1980 começaram a aparecer os primeiros modens para o público de computadores pessoais e também as primeiras empresas que cobravam pela assinatura de serviços.

A popularização dos e-mails e principalmente de acesso à internet dar-se-ia mesmo na década de 1990, mas o número de usuários já era grande, não restringindo-se mais só para as universidades.

Em 1990 outra coisa aconteceu, a Commodore fazia mais um último esforço para manter-se no mercado, então surgia o Commodore GS.

O GS vinha com 64K de RAM e era voltado a jogos, o problema é que usava alguns conceitos que já estavam saindo do mercado, como o carregamento pelos cartuchos.

Enfim, depois de mais um suspiro e depois de 12 anos no mercado o Commodore 64 parou de ser produzido.

Embora isso tenha acontecido ainda existem os apaixonados pelo Commodore 64 e empresas que constroem placas e gabinetes como os originais.

É possível comprar as peças e montar praticamente 90% de um Commodore 64 com peças novas, sem contar que até hoje são desenvolvidos jogos para o Commodore 64.

E a história não parou por aí, veja a seguir um pouco sobre o Commodore Plus4.

A Commodore já vinha com vários sucessos, desde o Commodore PET, e a impressão é de que não parariam tão cedo.

A questão é que em 1984 as coisas começaram a mudar…

Neste ponto a empresa estava somente com o C64 em produção e Jack Tramiel, CEO da Commodore, começou a perceber que havia mercado para competir.

O Sinclair ZX80 começou sendo vendido por $99.00 e o preço já tinha baixado para $ 49.00, então Jack Tramiel sentiu que poderia competir com o Sinclair.

E mais que isso poderiam competir com o Spectrum, começa então o desenvolvimento do chip TED (Text Editor), um chip semelhante ao que já alimentava o VIC-20, com processamentos para gráficos e sons.

O chip também cuidava de alimentação de memória DRAM, temporizadores, processamento de teclado, suporta até 121 cores e gráficos em bitmap melhores.

Desde o Commodore PET a empresa não teve mais sucesso no mercado de negócios e Jack Tramiel percebeu que o C64 poderia trabalhar da mesma maneira que um IBM-PC ou Apple II.

IBM e Apple eram um sucesso nos negócios porque trabalhavam com editores de texto, planilhas e banco de dados.

Tramiel pensou…

“Um computador para os negócios não precisa de sons bonitos e jogos, como o Commodore 64”.

O plano era usar o chip TED em dois computadores diferentes, Commodore 254 e Commodore 116, que era um computador de baixo custo, podendo competir com o Sinclair ZX81.

A Commodore contratou profissionais que trabalharam com o Speak & Spell, computador que ensinava estilo um “Pense Bem”, porém Jack Tramiel deixou a empresa nesta mesma ocasião e foi trabalhar na Atari.

O problema estava criado, com a saída de Jack Tramiel da Commodore toda a estratégia de negócios para a venda dos novos computadores se foi.

A ideia foi criar o Commodore Plus/4, usando conceitos já existentes no TED, mas com mais tecnologia embutida como software de editor de texto e planilha eletrônica.

Tentaram vender o novo computador a $ 299.00, mas não deu muito certo, porque era o mesmo preço do já consagrado Commodore 64.

O ano era 1984 e o mercado de computadores estava mudando, já haviam plataformas bem estabelecidas como Atari, Apple, IBM e uma enorme quantidade de softwares/jogos a venda.

O computador Commodore Plus 4 foi comercializado para os negócios, mas muitos usavam para jogos e devido ao som, que não era dos melhores, nunca foi bom como o Commodore 64 ou o VIC-20.

Na verdade, o maior problema estava no Commodore 16, imagine um computador com 16 K e outro com 64 K de memória.

Caso escreva um programa para o computador de 64K, ele só rodará nesta máquina, mas se escrever o jogo no computador de 16 K, funcionará também no de 64K.

Para terminar digo que o Commodore 16 nunca foi um grande sucesso, mas teve certa relevância em alguns países europeus.

A seguir vou comentar sobre o Commodore 128, um computador interessante, continue lendo porque estamos chegando ao final deste artigo.

A Commodore lançou um novo computador a cada 2 anos e cada um teve mais sucesso do que o anterior, até o ano de 1984, quando foi lançado o Plus/4.

O Plus/4 não teve o resultado esperado e a Commodore precisava de outro computador que fizesse jus ao seu sucesso, surgia o Commodore 128.

O C128 vinha com algumas novidades como o manual em modo espiral, que facilitava a leitura e pela primeira vez vinha com disquetes de 5.1/4.

Em um dos disquetes vinha um tutorial e no outro vinha a inicialização do sistema operacional CP/M, as partes relacionadas a ligar o aparelho também vinham na caixa, como nas versões anteriores.

O design era diferente do Commodore 64, justamente para mostrar ao público que era algo novo, lembrando que o C128 era compatível com o C64.

Na parte traseira e na lateral o C128 tinha as mesmas conexões, mas com a adição de uma porta para vídeo RGBI (Red, Green, Blue, Intensity).

A placa mãe do C128 parece ser mais complexa do que o C64 e têm 128K de memória RAM, o dobro do C64, chip 6581 SID e controladores de entrada e saída, como no C64.

Vinha com duas CPUs, uma 8580, que já era usada no C64 e uma CPU Z80, usada em vários computadores da época como Altair, Osbourne, linha TRS-80, Sinclair ZX-81, ZX Spectrum, Sinclair ZX-31, computadores MSX e outros.

O motivo principal para o uso do processador Z-80 foi em virtude da compatibilidade com o C-64 e usava os CHIPs VIC-II e o VDC, podendo usar dois monitores.

A Commodore preocupou-se também em criar os melhores monitores para serem usados no C-128, conexões para vídeo composto ou LCA separado e RGBI para 80 colunas.

O C128 possui também um BASIC, gráfico, som e comandos melhorados, no caso do BASIC f oi possível a criação de jogos e outros aplicativos.

Tinha várias “habilidades” no quesito computador, fazia um pouco de tudo, com 3 modos de operação completamente diferentes e com uma abordagem diferente de empresas como a Apple, Atari e IBM, que eram mais ou menos compatíveis com suas versões anteriores.

Foi um sucesso porque foi comercializado por mais de 4 anos e vendeu mais de 4 milhões de unidades, 10 vezes mais do que o seu principal concorrente, o Apple II.

Enquanto os desenvolvedores de software viam o C128 como um computador fácil para programar, no caso dos jogos o C128 não ofereceu grande desempenho e muitos usuários buscavam isso.

O C128 possuía dois processadores, conforme já foi mencionado, e teoricamente deveria rodar jogos no C128 e no C64, mas o fracasso veio no quesito jogos, fazendo com que muitos usuários preferissem o já consagrado C64.

Haviam incompatibilidades nos jogos, por exemplo, um jogo criado para o C128 rodava no C64, mas tinha problemas de execução, no áudio, tela, cores ou outras complicações.

Por fim o Commodore 128 representa o fim da era dos computadores 8 bits, e não só para a Commodore, afinal a maioria dos outros fabricantes já produziam computadores de 16 e 32 bits.

A Commodore, percebendo a movimentação do mercado começou a criar a sua própria linha de PCs e chamavam de PC-I, PC-10, PC-5, PC-10, PC10 II, etc.

O interessante é que não existia uma sequência lógica de criação entre os números e as datas de criação, sendo que, por exemplo, o PC-5 foi o primeiro modelo, criado em 1985 e o PC-I veio depois e lançado em 1987.

Os gabinetes também não tinham muita lógica e eram praticamente os mesmos computadores, mas com configurações de hardware diferentes.

São computadores compatíveis com o MS-DOS e é claro, compatíveis com a linha PC-IBM.

Não entrarei em detalhes no hardware destes computadores, mas é bom informar que os Commodores PC evoluíram junto com a indústria e são vários os modelos.

Vou comentar sobre um deles, o 386 da Commodore, que foi vendido somente na Europa, neste ponto já parecia que a Commodore estava fora do mercado de computadores nos Estados Unidos.

Por fim a Commodore passou um período grandioso na sua história, mas entrou no mercado de PCs quando o mesmo já estava dominado por outras empresas.

Não há dúvida que a Commodore foi essencial para a consolidação dos micro computadores como essenciais na vida das pessoas.

Infelizmente devido a problemas internos na empresa e a decisões tomadas na hora errada, a empresa acabou perdendo o seu espaço e poder de competitividade.

Independente disso até hoje (2020) existem apaixonados pela Commodore, principalmente colecionadores.

Recentemente a empresa Raspberry PI lançou o modelo 400, que traz à tona os computadores no tecado, conceito muito usado pela Commodore.

Termino agradecendo a sua visita e deixando a seguir as minhas fontes de pesquisa para criar este artigo.

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Fontes utilizadas para este artigo:

The 8 bit guy - https://www.youtube.com/channel/UC8uT9cgJorJPWu7ITLGo9Ww

Retrópolis (antigo Retrocomputaria) - https://retropolis.com.br/

Old Computers - http://oldcomputers.net/

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